O Reino de Deus e o Futuro


O texto de Lucas 17.20-37 aborda uma questão fundamental sobre o Reino de Deus, suscitada pelos fariseus, e a subsequente explicação de Jesus aos seus discípulos sobre a vinda do Filho do Homem. Jesus, ao ser interrogado pelos fariseus sobre o momento da chegada do Reino de Deus, responde de forma que desafia a expectativa de uma manifestação visível e externa, indicando que o Reino de Deus já estava presente, de maneira espiritual e interna, entre eles.

Jesus explica que o Reino de Deus não se manifesta de forma que possa ser observada fisicamente ou localizada em um lugar específico, mas está presente de forma invisível e espiritual. Ele afirma que "o Reino de Deus está entre vós", indicando sua presença e ação através de Sua própria pessoa e ministério, embora não de acordo com as expectativas dos fariseus.

A seguir, Jesus se dirige aos seus discípulos, alertando-os sobre os dias futuros. Ele profetiza que chegarão tempos em que desejarão ver um dos dias do Filho do Homem, mas não conseguirão. Jesus adverte contra falsos anúncios de Sua vinda, enfatizando que sua volta será tão evidente quanto um relâmpago que ilumina o céu de uma extremidade à outra. Contudo, antes dessa manifestação gloriosa, Ele precisaria sofrer e ser rejeitado pela geração atual, referindo-se à sua crucificação iminente.

Para ilustrar a repentina e inesperada vinda do Filho do Homem, Jesus compara esses eventos aos dias de Noé e Ló. Durante esses períodos, as pessoas viviam suas vidas normalmente, sem perceber a iminente destruição que estava por vir. Assim como o dilúvio nos dias de Noé e o fogo e enxofre que destruíram Sodoma nos dias de Ló, a vinda do Filho do Homem será repentina e muitos não estarão preparados. Esta comparação serve como uma advertência para que as pessoas estejam vigilantes e preparadas, pois o julgamento divino virá de forma inesperada.

Jesus dá instruções claras sobre a preparação para Sua vinda, enfatizando a urgência e a necessidade de não olhar para trás ou hesitar. Ele relembra aos seus seguidores o exemplo da mulher de Ló, que olhou para trás e foi transformada em uma estátua de sal, advertindo contra a nostalgia e a hesitação. Jesus destaca o paradoxo de tentar salvar a própria vida versus perdê-la por Sua causa, sublinhando a importância do desapego e da entrega total a Ele.

No final do discurso, Jesus descreve a separação final e definitiva que ocorrerá durante o julgamento. Ele usa ilustrações do cotidiano para mostrar que essa separação afetará todos os aspectos da vida, como duas pessoas numa cama, duas moendo juntas ou duas no campo, onde uma será tomada e a outra deixada. Quando os discípulos perguntam "onde" isso acontecerá, Jesus responde de forma enigmática: "Onde estiver o corpo, aí se ajuntarão as águias", possivelmente indicando que, assim como os abutres se reúnem onde há um corpo morto, o julgamento será inevitável e visível a todos.

Em conclusão, este trecho de Lucas destaca que o Reino de Deus não é algo que pode ser observado exteriormente, mas está presente de forma espiritual. A vinda do Filho do Homem será repentina e evidente para todos, exigindo preparação e vigilância dos seus seguidores. Jesus utiliza exemplos do Antigo Testamento para enfatizar a necessidade de estarmos prontos e alerta, não nos apegando às coisas deste mundo. 

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