A Verdade é um fato não uma narrativa. Vida Protestante e Reformada.

 


Por amor à verdade, Martinho Lutero, o reformador alemão, tornou-se uma figura central na história da Igreja ao desafiar as práticas da sua época com as suas 95 teses. Ao escrever contra a venda de indulgências, ele buscava um debate teológico, uma prática comum entre os estudiosos de seu tempo. Lutero não visava uma ruptura drástica com a Igreja, mas, por zelo pela verdade bíblica, queria promover uma reflexão mais profunda sobre os fundamentos da fé cristã e a correta relação entre Deus e o homem. A frase “por amor à verdade” reflete o desejo ardente de Lutero de manter a integridade do evangelho.

 

A busca pela verdade, como Lutero entendia, não era apenas um conceito teórico ou filosófico, mas uma questão prática que deveria influenciar o comportamento e a vida dos cristãos. Em sua carta de convite para o debate, Lutero deixou claro que seu desejo era trazer luz sobre questões que, em sua visão, estavam distorcidas pela tradição. Assim, em nome de Cristo, ele encorajava o estudo e o diálogo, mostrando que a verdade não deveria ser temida, mas procurada e discutida abertamente. Para Lutero, a verdade era uma virtude sagrada que guiava suas ações e reformava seu coração.

 

Quando buscamos o significado de “Verdade” na Bíblia, entendemos que seu conceito tem a ver com o que é factual, ou seja não uma ideia sobre o fato, mas o fato em sim. Há um particularidade sobre este termo no hebraico, pois a palavra "emeth" (verdade)  traz um significado profundo, uma vez que emeth é composta pela primeira letra (Alef), média (Mem) e última letra do alfabeto hebraico (Tav), simbolizando que a verdade é abrangente e eterna, pois a verdade esta começo, no meio e durará até fim, prevalecendo sobre toda falácia. Quando usado em um sentido factual, אֱמֶת (emeth) indica um estado de coisas genuíno em oposição a um falso. Ela reflete o caráter de Deus, que é o início, o meio e o fim de todas as coisas. Este conceito de verdade como algo completo e constante reflete a visão bíblica, na qual a verdade não pode ser relativizada ou fragmentada. Ela é, em essência, a realidade última, sustentada pela fidelidade de Deus.

 

No Novo Testamento, Jesus Cristo é identificado como a própria verdade. Em João 14.6, Ele declara: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida". Esta afirmação não apenas coloca Cristo no centro da revelação divina, mas também revela que a verdade, na sua forma mais plena, não é uma ideia, mas uma pessoa. Conhecer a verdade, portanto, é conhecer a Cristo. Ele é a encarnação da fidelidade e realidade divinas, aquele que manifesta o propósito de Deus e nos conduz à verdadeira vida.

 

Por fim, a verdade, conforme expressa nas Escrituras, é algo que deve ser buscado e seguido. O salmista, no Salmo 86.11, faz uma oração sincera: “Ensina-me, Senhor, o teu caminho, e andarei na tua verdade”. Este pedido por orientação divina nos lembra que a verdade não é apenas algo que aprendemos, mas algo que dever viver e praticar. Assim como Lutero buscou promover a verdade em sua época, os cristãos de hoje são chamados a caminhar na verdade, permanecendo firmes no caminho que Cristo nos revela, tendo a Bíblia como seu alicerce, como sua regra de fé e de prática.


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